Alguns podem se ofender com a resposta mas ela é a mais adequada àqueles que nos procuram para especular preços.
A resposta é :
– “Eles custam muito menos do que valem e provavelmente mais do que você gostaria de pagar”.
Entenda porque:
1º Bons exemplares custam caro.
A seleção de linhagens e características físicas requer estudo e numerário.
2º É sempre um grande risco cruzar um cão, mesmo para criadores cuidadosos e conscientes;
- os animais que serão reproduzidos precisam de exames. Você pode dizer “ah, mas isso é barato”. Eu respondo “não se você tiver de submeter um frenchie ao risco de uma anestesia geral para um simples RX de quadril. É assim que se consegue um laudo de OK para displasia coxofemoral, arriscando a vida do cachorro que você tanto ama;
- muitas vezes temos de recorrer à inseminação artificial;
- dizem que 20% das fêmeas de BF tem parto normal. Acho que alguém deve ter no mínimo 40% de fêmeas parindo por via vaginal. Quem ficou com meus 20%? Porque aqui, só cesariana!
- Você faz uma ultra-sonografia de 100 reais e pronto! Tudo resolvido, acabaram-se os exames pré-natais, afinal elas só parem mesmo por cesariana. Errado! Além dos exames de sangue, afinal a ferritina precisa se manter em níveis adequados bem como os hormônios tireoideanos. Poucos sabem disso mas até mesmo a prole de animais perfeitamente saudáveis e sua prole podem sofrer as consequências do hipotireoidismo transiente gestacional. Então se tudo der certo uma fêmea ainda fará dois US e um RX. Você tem de ter certeza absoluta do número de filhotes, mesmo que o parto seja cesariana. Já aconteceu do vet tirar 6 filhotes e fechar a femêa com o 7º na barriga. Infelizmente isso não foi só uma historinha que me contaram, senti na pele a dureza de criar recém nascidos sem mãe.
- Encontrar um bom veterinário sai caro. Rodar a cidade toda até conhecer alguém coerente, humilde, disponível, apto a aceitar suas limitações, disposto e aberto a estudar uma raça diferente e cheia de peculiaridades requer tempo e é difícil. - Por incrível que pareça uma femeazinha, mal encaminhada, teve sua primeira gestação na mão de “criador experiente”: ele aguardou pacientemente sob orientação e supervisão de veterinário até que ela desse à luz um feto único por parto vaginal. Qualquer acéfalo saberia que feto único cresce muito e fica desproporcional à bacia da fêmea que o gesta, mas esse veterinário não. Tão pouco teve a humildade de perguntar ou ler. Absurdos desse nível marcam demais!
4ª Muitas condições de saúde ou “falta de saúde” consideradas “próprias da raça” são perfeitamente evitáveis. No entanto haverá muito investimento com isso:
- tempo gasto em estudo e aprendizado;
- despesas na formação de uma pequena biblioteca;
- implantação dos conhecimentos obtidos;
- disciplina e mais tempo para que nenhum detalhe seja esquecido em momento algum.
- medicamentos, suplementos etc..
– Aquele leitinho que ocasionalmente sai pelo nariz dos bebes pode mata-los. Eles fazem broncoaspiração e pneumonite muitas vezes fatal.
6º Nem sempre podemos aguardar que a fêmea entre em trabalho de parto para começar a cesariana.
- A cesariana “precoce” pode retardar a chegada dos instintos maternos, pois não haverá secreção de ocitocina (hormônio responsável, pela contração uterina, secreção láctea e pelo carinho e cuidado que toda mamãe tem por seus bebes) entre outros. Nem sempre elas reconhecerão os bebes como seus, pois elas não viveram o momento do parto. Não tiveram oportunidade de lambe-los ou aquece-los, eventos que fortalecem o instinto da maternidade. Isso obriga o criador a permanecer por horas ou mesmo dias a fio ao lado da mãe e dos bebês. Salvo se você não se importar que ela os devore ou deite sobre eles.
7ª Ah os bebes! Eles são realmente maravilhosos, uns anjinhos: mamam e dormem (se tudo sair nos conformes).
Um belo dia alguém da casa, com peninha daquele olhar pidão da fêmea que está amamentando, resolve lhe dar só um camarãozinho à milanesa. Foi unzinho só, mas desencadeou um episódio de angioedema com urticária. Aí, claro, o vet manda a “prednisona amiga” pra acabar com aquele “inchaço” todo. Maravilha, só que já se passaram mais de duas horas e os bebês estão famintos. A mãe chega, ainda bastante abalada, mas os bebes não se acalmam. Você se belisca, aquilo não pode ser verdade: cadê o leite? Simplesmente secou, mas “ninguém” lembrou ou te avisou que isso iria acontecer.
8ª Até a terceira semana é o paraíso:
- Mamãe cuidando de tudo e deixando tudo muito limpo, bebes gordinhos e sequinhos, uma coisa linda de se ver. A partir daí o trabalho é com você, sim eles começam a comer papinha e a fazer muitas caquinhas que mamãe não irá limpar. Se comem 25g de papinha devolvem processadas cerca de 400g de caquinhas. Uma matemática meio sinistra, mas você está ali para isso mesmo…
9ª Apesar de toda essa função extra a vida continua:
– Você tendo de chegar na hora ao seu trabalho, bem disposto e alerta para não cometer nenhum deslize. “Sim, mas criador trabalha?” – Claro, criação de cães não é profissão, é hobby. Alguém tem de trazer a “ração super premium pra casa” ou a “AN” (um dia teriam de descobrir que ração não tem tudo o que nosso doguito precisa para crescer forte e inteligente...);
10ª Aí os bebês crescem...
– É chegado o dia da primeira dose de vacina. Você resolveu dar-lhes “a picadinha do bem” à tardinha, pois era o melhor horário para o vet. Ótimo, todo mundo levou “picada no bumbum” e agora vão mimir para esquecer o dodói. - Engano seu: eles fazem uma tremenda reação à vacina e começa a choradeira. Eles tem febre e dores pelo corpo. Você corre a medica-los e assim garantir que “alguém” possa ter ao menos uma hora de sono para aguentar o “trampo” no outro dia.
11ª Eles crescem em estreito contato familiar, sem gaiolas ou chiqueirinhos.
– Escolhemos aqueles que ficarão em casa (só reproduzimos nossos cães quando queremos ficar com filhotes) e temos de nos preparar para hora da despedida dos demais. Eles permanecem conosco até ao menos 4 meses de idade, quando já estamos muito apegados. Todos são especiais, tem personalidades distintas e oferecem razões de sobra para que estejamos apaixonados por cada um deles. Escolhemos os novos lares sempre imaginando que serão felizes para sempre. Isso nem sempre acontece e é difícil encarar o quão desprezíveis podem ser as pessoas.
12ª O destino de cada um deles é da nossa conta.
– Quando nos despedimos de um filhote não deve ser um adeus, mas um até breve. Procuramos saber como estão, como está sendo seu desenvolvimento, se estão felizes e se estão bem adaptados ou não. Tentamos estar preparados para, a qualquer momento, pegá-los de volta ou mesmo resgatá-los. Os cães são constantes, seus donos não.
Por mais que procuremos selecionar os novos lares, pessoas são imprevisíveis. Se separam, casam, tem filhos que gostam de chutar cachorrinhos e sabe lá Deus o que mais…
Provavelmente muitos acham besteira tudo o que escrevi afinal há uma certa seleção natural em deixa-los crescer à própria sorte. Aqui pensamos que não, preferimos não banalizar.
Todo o empenho, dedicação e todo o prazer e alegria que eles nos proporcionam não tem tem preço.
Antes de optar por um cão de raça pura considere suas características físicas, temperamento, necessidade de exercícios e aspectos ligados a saúde e cuidados. Um animal é e será sempre totalmente dependente. O convívio prazeroso entre vocês se condiciona a sua disposição em atender à demanda do cão.
Você sabia que um cão bem tratado pode ultrapassar 15 anos de vida? Adotar é um compromisso de longo prazo, pense nisso!
Para saber mais sobre alguns outros valores agregados à criação respeitosa de cães acesse o link Quanto custa um West High Land Terrier?
Sirley Vieira Velho
http://www.skonbull.com/
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